O grupo de pesquisa coordenado pelo Professor Alexandre Barbosa Reis está em atividades há 20 anos na Universidade Federal de Ouro Preto, Minas Gerais. O Laboratório de Imunopatologia (setor de Leishmanioses e vacinas) tem se dedicado a diversas linhas que transpassam a pesquisa básica, translacional e clínica, buscando sempre se ambarar em inovações tecnológicas com vistas a novos diagnósticos e candidatos vacinais. As pesquisas direcionadas a Imunopatologia da Leishmaniose visceral, tem como foco: (i) biomarcadores de progressão clínica em cães naturalmente infectados por L. infantum; (ii) o emprego deste modelo (cães naturalmente infectados), para testes de drogas; (iii) estudos epidemiológicos em larga escala; (iv) ensaios clínicos vacinais de fase I, II e III em cães; (v) testes de drogas. Nos últimos foram testados a associação de adjuvantes e antígenos vacinais e para isto tem-se empregado modelos murinho e hamster. Nestes modelos tem-se estudado: (vi) história natural da LV em Hamster Mesocrysetus auratus; (ii) testes de drogas, quimioterapia, imunoterapia e quimioterapia experimental em Hmaster (iv) testes de drogas, quimioterapia, imunoterapia e quimioterapia em Cães naturalmente infectados. Já em modelos murinos, camundongos BALBc tem-se realizado (vii) estudos de Fase I e II em busca de marcadores de memória central e efetora frente a diferentes candidatos vacinais. O grupo do Prof. Alexandre Reis tem contribuído com estudos genômicos para melhor entendimento de isolados de parasitos, sequenciamentos de cepas de L. infantum, (viii) tendo implantado nos últimos anos uma plataforma de bioinformática para o trabalho com o genoma de L. brazilensis e L. infantum buscando alvos para constituir vacinas.
Dentre os avanços científicos que o grupo tem atuado, destacam-se os estudos de biomarcadores imunológicos que conferem de resistência e suscetibilidade a cães de áreas endêmicas de Leishmaniose visceral. Estes estudos, foram importantes para fornecer ferramentas para os estudos de avaliação de imunogenicade de vacinas, tratamento quimioterápico e imunoterápico e suas combinações (imunoquimioterapia) em cães naturalmente infectados. Desta forma, atualmente é possível fazer um bom monitoramento detalhado da resposta imune empregando diversas ferramentas seja para avaliação da resposta humoral, citocinas, quimiocinas, bem como da resposta celular na regulação da resposta imune durante a história natural da doença no cão ou em testes de drogas e vacinas.
O Laboratório de Imunopatologia da UFOP tem trabalhando intensamente no desenho de novas vacinas, empregando ferramentas da vacinologia racional, como a vacinologia reversa que emprega a bioinformática para predizer potenciais antígenos vacinais. Neste sentido, houve o desenvolvimento de vacinas quiméricas, compostas por quatro peptídeos e associados a adjuvantes. Em modelos murinos tem-se mostrado o potencial destas vacinas em induzir uma forte resposta imune, incluindo memória central e efetora refletindo em queda da carga parasitária tecidual. Estas vacinas mais recentes têm se demonstrado muito promissoras em modelo hamster e em breve serão iniciados testes em cães. Nestes estudos de desenhos de vacinas o grupo avançou muito no conhecimento das ações de novos adjuvantes vacinais, adjuvantes são substâncias que quando associadas às vacinas potencializam a resposta imune. Nos últimos 10 anos foram estudados um grande repertório de potenciais adjuvantes, não apenas isoladamente, mas em associações, mostrando que em algumas situações quando associados em dois ou três são capazes de conferir um ganho importante na potência de certos candidatos vacinais. Também houve investimentos na busca de esquemas terapêuticas aplicados a LVC (leishmaniose visceralcanina). Sabemos que até o momento não existe tratamento eficaz para LVC que leve a cura parasitológica capaz de retirar os cães infectados e doentes da condição de reservatório do parasito. Desta forma, Prof. Alex Reis tem testado estratégias terapêuticas como vacinoterapia, e a associação de imunomoduladores ou candidatos vacinais associados com alguns fármacos. Seus resultados tem se mostrado promissores tanto do ponto de vista de restabelecimento clínico, melhora de marcadores laboratoriais, resposta imune apropriada para controlar o parasitismo tecidual e consequente queda da carga parasitária.
Fonte: Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (disponível aqui)