Professor do CBIOL é um dos mais influentes cientistas de imunologia do Brasil

Maio 11, 2022

O professor Alexandre Barbosa Reis, do Programa de Pós Graduação em Ciências Biológicas - CBIOL da Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP, foi classificado em 27º lugar entre os melhores cientistas da área de Imunologia do País, na 1ª edição do ranking publicado pelo Research.com, um dos principais sites de pesquisa em Imunologia, que oferece dados ​​sobre contribuições científicas desde 2014. Alexandre também aparece no ranking mundial, ficando 3459º colocação na mesma categoria.

A Research.com utiliza o índice h para ranquear um acadêmico. O Cálculo deste índice leva em consideração se a maioria das publicações do pesquisador for na área de Imunologia, a , proporção das contribuições feitas na área, e os prêmios e realizações dos cientistas.  O professor foi avaliado pelo Research.com em 42 pontos, tendo 118 artigos publicados ao longo de sua carreira e 5.684 citações em outros trabalhos científicos. 

Alexandre começou a trabalhar com pesquisa há exatos 34 anos. Egresso do curso de Farmácia da Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP, ingressou no programa de iniciação científica logo no primeiro período, atuando na área de vacina junto ao Prof. Odair Genaro (in memoriam). Ao concluir sua graduação, realizou aperfeiçoamento científico na UFMG em parceria com o Prof. Wilson Mayrink (in memoriam), também em vacinas para leishmaniose tegumentar humana e com vacinas para leishmaniose visceral canina. 

Em seu doutorado trabalhou com biomarcadores laboratoriais e principalmente imunológicos em cães naturalmente infectados por L. infantum, portadores de diferentes formas clínicas da leishmaniose visceral canina. Alexandre fez seu primeiro pós-doutorado na Fiocruz/Minas em vacinas e o segundo nos USA também em vacinas (neste já era professor na UFOP).

Segundo o professor, as pesquisas mais importantes de sua carreira são as de estudos relacionados a imunopatologia e imunoepidemiologia da leishmaniose visceral canina.  “Definimos uma série de biomarcadores importantes de proteção e de progressão da infecção em cães que depois foram empregados em estudos de vacinas. Ou seja, pesquisa básica que foi aplicada posteriormente em outros estudos. Além dessa pesquisa, obviamente os estudos de desenvolvimento de vacinas e empregos de adjuvantes vacinais”, destaca Alexandre.

Para o pesquisador, estar no ranking é motivo de felicidade. “Este foi um ranking, o primeiro deste site (reserach.com), que utiliza o H índex, que é uma medida de publicação e citações. Eu encaro isso com tranquilidade e como se fosse uma espécie de critério que avalia meu trabalho. É lógico que me deixou feliz, principalmente neste momento obscuro e estranho onde nos foi retirado muito investimento e nos deixou numa situação muito delicada para atuar com pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico neste país”.

Alexandre ainda expõe sobre a relevância do ranking para a valorização da pesquisa brasileira. Ele diz que “toda medida que gera um ranking tem uma metodologia, e este usou o H index, que tem um significado, e isto gera vários significados. Parece que o site tem um trabalho de curadoria que certifica se a inteligência artificial está fazendo um trabalho correto, e eles checam todos os resultados manualmente. Então vamos ver o que isto poderá representar. O mais importante é saber que é possível fazer ciência de qualidade recebendo recursos em reais, numa universidade do interior que ainda precisa melhorar muito seu entendimento com a pesquisa científica e tecnológica e engajar mais a participação de docentes com a ciência. Produzir conhecimento / Ciência de qualidade é papel importante das instituições públicas no Brasil e vimos isso durante a pandemia”. 

O professor Alexandre fala também sobre as dificuldades em se fazer ciência no Brasil e sobre as esperanças que o ranking dá. “Não basta ser um pesquisador reconhecido se não há investimento. Tudo isto faz parte de uma cadeia do conhecimento, você produz ciência, forma pessoas em diversos níveis, divulga seus trabalhos por meio de artigos, patentes e participação em eventos e é reconhecido pelos pares em editais públicos que irão permitir a continuidade do trabalho. Infelizmente, o país decidiu não investir em ciência nos últimos anos e em especial neste governo. Decidiu perseguir seus cientistas e pesquisadores por negar as alterações climáticas, a pandemia, as vacinas etc.. Isso é bem delicado e fere nossa “Soberania do Conhecimento Nacional”, ou seja, o que somos capazes de produzir para a nação com a força dos pesquisadores brasileiros. Mas, digamos que se destacar em um ranking dê um ânimo para o futuro quando olhamos para o passado e vimos que trilhamos um bom caminho até aqui”, afirma. 

Sobre os reflexos do ranking na pesquisa dentro da UFOP, Alexandre aponta que “a universidade passa a entender a pesquisa, ciência e tecnologia como uma área estratégica para a instituição. Uma área capaz de trazer recursos, e que eleva a instituição em patamares nunca antes alcançados. Ao de fato ter esse entendimento passe a ter uma política estratégica que tenha a real sensibilidade, e não deixe de investir nas áreas que possam dar essa visibilidade à instituição. Lembrando que somos uma instituição que produz conhecimento, e não apenas reproduz o conhecimento produzido por outras”.