O artigo “Immunochemotherapy for visceral leishmaniasis: combinatorial action of Miltefosine plus LBSapMPL vaccine improves adaptative Th1 immune response with control of splenic parasitism in experimental hamster model” foi selecionado como artigo do mês pela Revista Parasitology. A pesquisa foi realizada pela aluna Lívia Mendes Carvalho e pelo professor Bruno Mendes Roatt no Laboratório de Imunopatologia do Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas- NUPEB, da Universidade Federal de Ouro Preto.
De acordo com o artigo, a Leishmaniose Visceral (LV) é considerada uma das mais importantes doenças negligenciadas em todo o mundo. Um dos grandes entraves no combate à doença é a ausência de medidas profiláticas eficazes (vacinas) e a escassez de estratégias terapêuticas para o controle da doença. Nesse contexto, devido ao limitado arsenal terapêutico disponível para tratar a LV, muitas pessoas morrem durante o tratamento, pois os medicamentos disponíveis são bastante tóxicos. Além disso, os medicamentos mais eficazes e mais bem tolerados pelos pacientes são muito caros e levam ao colapso do sistema público de saúde nas regiões mais pobres.
Assim, na última década, o grupo de pesquisa da Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP, vem trabalhando incansavelmente para desenvolver novas estratégias de tratamento para a LV, visando reduzir custos e toxicidade, melhorar a aceitabilidade do tratamento e também prevenir o surgimento de cepas resistentes ao parasita às drogas disponíveis.
Os pesquisadores explicam como foi desenvolvido o estudo: "Buscou-se utilizar a terapia vacinal como ferramenta capaz de promover a ativação do sistema imunológico do hospedeiro que poderia ser combinada com quimioterapia para controlar a infecção pelo parasita Leishmania infantum . Assim, combinamos uma vacina, desenvolvida pelo nosso grupo de pesquisa, utilizando pequenos pedaços do parasita ( L. braziliensis ), para induzir uma resposta imunológica rápida e eficaz concomitantemente com uma ação direta do medicamento (Miltefosine). No laboratório, utilizamos um modelo experimental suscetível para estudo de LV, o hamster Mesocricetus auratus , e realizamos o tratamento da Leishmania-animais infectados usando a combinação de terapias (vacina mais Miltefosina – imunoquimioterapia) e observamos resultados fantásticos gente! No sangue, observamos restauração dos parâmetros hematológicos e bioquímicos, e melhora da imunidade com controle do parasitismo em órgãos-alvo da doença como o baço. Esses resultados demonstram que o protocolo de imunoquimioterapia pode estimular o sistema imunológico, induzindo uma resposta celular expressiva suficiente para controlar os parasitas no baço, destacando-se como uma proposta promissora para o tratamento da LV.”
Ainda de acordo com os pesquisadores responsáveis pelo artigo, os dados sugerem que o uso de meio curso de Miltefosina associado à terapia vacinal tem o mesmo efeito ou até melhor em comparação com a terapia convencional (somente quimioterapia). Assim, acredita-se que a utilização deste tipo de terapia pode trazer inúmeros benefícios ao paciente, como redução da toxicidade, redução de custos e redução do tempo de tratamento, criando uma importante perspectiva terapêutica para os pacientes com Leishmaniose Visceral em todo o mundo.
O artigo está disponível gratuitamente por um mês na Revista Parasitology. Clique aqui e leia.