A bióloga Andrea Jazel Rodriguez Herrera defendeu seu mestrado no Programa de Pós Graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal de Ouro Preto no dia 29 de julho e logo em seguida, no dia 09 de agosto, seu trabalho recebeu menção honrosa pela Federação de Sociedades de Biologia Experimental - FeSBE. A recém mestre recebeu a premiação durante a XXXVI reunião anual da FESBE em conjunto a LVII reunião anual da Sociedade Brasileira de Fisiologia (SBFis - Sociedade Fundadora da FESBE) e a I reunião da recém-criada Sociedade DOHaD (Origens Desenvolvimentistas da Saúde e da Doença), cujo tema central foi “Ciência e Tecnologia: caminhos para a independência”.
Sua dissertação intitulada “Avaliação dos efeitos da exposição à fumaça de cigarro e ao aerossol de cigarro eletrônico em camundongos adultos C57BL/6” teve como objetivo encontrar as principais consequências do cigarro eletrônico para o pulmão. Andrea conta que a ideia da pesquisa surgiu com o professor Frank Silva Bezerra, seu orientador, que pesquisa fisiopatologia experimental com modelos animais de exposição de cigarro convencional e ventilação mecânica há muitos anos. “Ele me propôs trabalhar com um modelo de cigarro eletrônico, um dispositivo bastante famoso e utilizado na população de hoje, principalmente pelos adolescentes, além disso, a concepção coletiva é que esses dispositivos são inofensivos e vieram para substituir aos cigarros convencionais, tornando-os muito perigosos pela ideia errônea de que não são prejudiciais. Por outro lado, achei muito importante adicionar uma abordagem de maior impacto ao envolver grupos de fêmeas na investigação e desta forma conhecer os impactos em ambos os sexos”, explica.
A egressa do CBIOL avalia positivamente os resultados da pesquisa. Segundo ela, "esse esforço investigativo traz consigo importantes aportes no entendimento do desenvolvimento da doença crônica DPOC (doença pulmonar que obstrui as vias aéreas, tornando a respiração difícil). através da exposição do cigarro eletrônico e também do cigarro convencional e aborda um cenário onde é possível reconhecer as diferenças dos efeitos entre ambos os sexos.”
Andrea diz estar muito orgulhosa de ter conseguido uma menção honrosa sendo estrangeira e reconhecendo o grande compromisso e nível dos profissionais brasileiros, "sem dúvida alguma, é uma robustez para meu curriculo”, afirma. Andrea comenta ainda que considera que isso pondera muito seu trabalho com o intuito de se fazer ver na comunidade acadêmica e também para as pessoas não acadêmicas, pois esse trabalho vai dirigido também para elas, para que possam ter um olhar mais cauto sobre o cigarro eletrônico.
Apesar da felicidade, a bióloga conta que ficou surpresa: “Não esperava esse reconhecimento e mais ainda que eu não tinha a mínima ideia de que apresentando meu trabalho poderia obter um reconhecimento ou menção, e na verdade para mim já era suficiente ter a oportunidade de participar de um congresso brasileiro e sobretudo a FeSBE”. Ela completa que a importância da menção honrosa é muito alta porque assim o trabalho é mais divulgado na área da ciência, mas também agora com ajuda das redes sociais pode chegar até a população em geral. “Nosso objetivo é que o conhecimento seja compartilhado não só na área acadêmica, mas também para todo tipo de público, assim as pessoas valorizem as investigações que estão sendo feitas nas universidades”, diz.
Trajetória acadêmica de Andrea
A nicaraguense Andrea formou-se em Biologia pela Universidad Nacional Autônoma de Nicaragua em 2014. Ela foi beneficiada com uma bolsa de estudos através do Programa de Alianças para a Educação e Capacitação (PAEC) que por sua vez, possui colaboração com a Organização dos Estados Americanos (OEA) e o Grupo de Cooperação Internacional de Universidades Brasileiras (GCUB) e foi assim que ela chegou até a UFOP. Durante seu percurso acadêmico no Brasil, Andrea teve um projeto submetido à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais - FAPEMIG.
Andrea contou que a experiência em uma Universidade brasileira foi muito boa, apesar de a pandemia não permitir conhecer completamente a dinâmica real da instituição. “Estudar no Brasil me trouxe muitos conhecimentos novos, não apenas de ciência, mas também de culturas distintas, já que foi possível me relacionar com outras pessoas estrangeiras além dos brasileiros. Desde outra perspectiva, posso indicar que estudar no interior como a cidade de Ouro Preto é muito seguro, rara vez era escutado de assaltos ou alguma outra coisa de risco à segurança”, frisa.
Para o futuro profissional, a bióloga pretende continuar dentro da carreira acadêmica. Ela comenta que ambiciona poder concretizar um Doutorado no Brasil e dessa forma adquirir ainda mais experiência na pesquisa e também obter novos conhecimentos que possam ser levados, posteriormente, para seu país, Nicarágua.